Muitas vezes precisamos OLHAR nas "Outras janelas " e reler nos antigos Anais da História de nós mesmos para que possamos mais que nunca RESPEITAR e ter compaixão devida em sentido amplo e irrestrito.
Outras análises fundamentadas e BEM FUNDAMENTADAS na Psicologia, Ciência, etc...Apontam para DOENÇA COMO UM CAMINHO, se assim encaramos de frente e com RESPEITO,AMOR.
Fica aqui a dica, sem muito mais o que "escrever"...SENTIMOS.
Fonte desta Matéria:http://artigodezenove.blogspot.com.br/2013/04/o-curador-ferido-jung-e-
mitos.html
O curador-Ferido
Para falarmos do arquétipo do curador ferido eu gostaria de contrapor três variações desse arquétipo que nos narram acerca dessa dinâmica. A primeira tradição que nos ensina bastante é a tradição afro-brasileira, do Candomblé, pessoalmente, eu acredito que das três que vou me referir esta é a que melhor explicita a dimensão arquetípica das polaridades saúde e doença.
No candomblé, orixá que rege a saúde e a doença é Xapanã, mas, por respeito e temor, ele é mais conhecido por Obaluaê(Senhor da Terra) ou Omulu (Filho do Senhor). Um dos mitos sobre Xapanã, diz o seguinte:
Xapanã ganha o segredo das peste na partilha dos
poderes Olodumare, um dia, decidiu distribuir seus bens. Disse aos seus filhos que se reunissem e que eles mesmos e partissem entre si as riquezas do mundo.
Ogum, Exu, Orixá Oco, Xangô, Xapanã e os outros orixás deveriam dividir os poderes e mistérios sobre as coisas da Terra. Num dia em que Xapanã estava ausente,os demais se reuniram e fizeram a partilha,
dividindo todos os poderes entre eles, não deixando nada de valor para Xapanã.Um ficou com o trovão, o outro recebeu as matas,Outro quis os metais, outro ganhou o mar. Escolheram o ouro, o raio, o arco-íris;
Levaram a chuva, os campos cultivados, os rios. Tudo foi distribuído entre eles, cada coisa com seus segredos,
cada riqueza com seus mistério. A única coisa que sobrou sem dono, desprezada, foi a peste.
Ao voltar, nada encontrou Xapanã para si, A não ser a peste que ninguém quisera. Xapanã guardou a peste para si, mas, não se conformou com o golpe dos irmãos.
Foi procurar Orunmilá, que lhe ensinou a fazer sacrifícios, para que seu enjeitado poder fosse maior que os dos outros. Xapanã fez sacrifícios e aguardou. Um dia, uma doença muito contagiosa . Começou a se espalhar-se pelo mundo. Era a varíola.
O povo desesperado, fazia sacrifícios para todos os orixás, mas nenhum deles podia ajudar. A varíola não poupava ninguém, era uma mortandade. Cidades, vilas e povoados ficavam vaizos, já não havia espaços nos cemitérios para tantos mortos.
O povo foi consultar Orunmilá para saber o que fazer. Ele explicou que a epidemia acontecia Porque Xapanã estava revoltado, por ter sido passado para trás pelos irmãos. Orunmilá mandou fazer oferendas para Xapanã. Só Xapanã poderia ajudá-los a conter a varíola, pois só ele tinha o poder sobre as pestes, só ele sabia o segredo das doenças. Tinha sido essa a sua única herança. Todos pediram proteção a Xapanã E sacrifícios foram realizados em sua homenagem. A epidemia foi vencida. Xapanã era então respeitado por todos. Seu poder era infinito, o maior de todos os poderes”
(PRANDI, 2007, p.210-1)
Em outras narrativas acerca de Xapanã é dito que ele, quando nasceu doente e foi abandonado pela mãe (Nãnã) e criado por Iemanjá, outros falam que quando criança que foi punido com varíola por desobediência, e mesmo ele superando a doença ele continuou com as marcas e deformações da doença. O que fazia com que ele usasse palha para esconder as marcas da doença. Mesmo sendo ele senhor das doenças e das curas, ele próprio era marcado pela doença. Xapanã, Obaluaê-Omulu, é um curador que carrega suas próprias feridas, escondendo-as por debaixo de sua roupagem de palha, tanto pro vergonha de sua aparência e para evitar as reações que causa nas pessoas.
Indo para outra época, uma outra mitologia, podemos reconhecer a mesma dinâmica, no mitema grego de Quiron, o centauro. Na mitologia grega, Quiron é um personagem que não possui um mito próprio, mas, participa da história de deuses e heróis. Ele nasceu da união de Cronos e a ninfa Filira, ele foi criado por Apolo, e se tornou o mais sábio (e civilizado) dos centauros, foi o mestre de heróis como Ajax, teseus Jasão, Perseu, Enéas, Télamon, Aquiles Peleu, Aristeu, Hercules e Asclépio. No toca a nosso estudo, Quíron foi mestre de Asclépio(ou Esculápio), a quem ensinou as artes da cura, por sua vez, Asclépio se tornou o deus da medicina.
Mas, todo conhecimento nas artes da cura não foram suficientes para curá-lo, quando ele foi atingindo pela flecha de Hercules que havia sido embebida no sangue da hidra de Lerna, que era mortal, mas, como Quiron era imortal, o ferimento causado jamais curaria, causando dores intermináveis. O sofrimento de Quiron só terminou quando ele trocou sua imortalidade pela liberdade de Prometeu, feita esta troca, Zeus eternizou sua história nas estrelas criando a constelação de Sagitário.
O terceiro representante dessa categoria de curadores feridos é bem conhecido de nossa cultura, justamente por estar no centro da mitologia vigente que é Jesus Cristo. Devemos tomar alguns textos como referência:
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